A construção da identidade
se dá por meio das interações da criança com o seu meio social e refere-se
ao progressivo conhecimento que as crianças vão adquirindo de si mesmas, a autoimagem
que através deste conhecimento vai se configurando.
A escola de Educação Infantil é um universo
social diferente do da família, favorecendo novas interações, ampliando desta
maneira os conhecimentos da criança a respeito de si e dos outros. A autoimagem
também é construída a partir das relações estabelecidas nos grupos em que as
crianças convivem. Um ambiente farto em interações, que acolha as
particularidades de cada indivíduo, promova o reconhecimento das diversidades,
aceitando-as e respeitando-as, contribui para a construção da unidade coletiva
e favorece a estruturação da identidade.
Tendo em vista estes
propósitos, a utilização de fotos pode ser amplamente aproveitada pelo
professor de educação infantil. Este recurso visual promove situações de
interação, reconhecimento e construção da autoimagem, favorece as trocas e a
percepção do outro e, das igualdades e diferenças, e consequentemente, de si.
Na Educação Infantil, fomentar a aprendizagem
e o desenvolvimento das crianças pequenas significa ajudá-Ias a progredir na
definição da própria identidade, no conhecimento e na valorização de si mesmas.
Considera-se que as situações educativas que
a criança vive na escola e a maneira como as educadoras tratam essas atuações
serão muito importantes na formação dos conceitos referentes ao próprio eu da
criança.
Na escola, quando as crianças aprendem, por
exemplo, a ordenar um joguinho, a brincar com carrinhos, estão também
aprendendo muitas coisas sobre elas mesmas, que Ihes permitem formar uma opinião
sobre si.
Portanto, a construção de uma autoimagem
positiva requer que, na escola, as crianças tenham experiências em situações
que Ihes permitam ganhar confiança em suas capacidades e que sejam vistas como
crianças com possibilidades, sendo este um elemento capaz de promover a exploração
de novas situações, novas experiências. É importante observar que não se trata
de renunciar à exigência e ao controle, e sim, de endereçá-Ia a um contexto
comunicativo, afetuoso e respeitoso.
A identidade é um conceito
do qual faz parte a ideia de distinção, de uma marca de diferença entre as
pessoas, a começar pelo nome, seguido de todas as características físicas, de
modos de agir e de pensar e da história pessoal. Sua construção é gradativa e
se dá por meio de interações sociais estabelecidas pela criança, nas quais ela,
alternadamente, imita e se funde com o outro para diferenciar-se dele em
seguida, muitas vezes utilizando-se da oposição. A fonte original da
identidade está naquele círculo de pessoas com quem a criança interage no
início da vida. Em geral a família é a primeira matriz de socialização. Ali,
cada um possui traços que o distingue dos demais elementos, ligados à posição
que ocupa, ao papel que desempenha, às suas características físicas, ao seu
temperamento, às relações específicas com pai, mãe e outros membros etc.
A autonomia, definida como a
capacidade de se conduzir e tomar decisões por si próprio, levando em conta
regras, valores, sua perspectiva pessoal, bem como a perspectiva do outro.
Portanto, conceber uma
educação em direção à autonomia significa considerar as crianças como seres com
vontade própria, capazes e competentes para construir conhecimentos, e, dentro
de suas possibilidades, interferir no meio em que vivem.
Exercitando o autogoverno em
questões situadas no plano das ações concretas, poderão gradualmente fazê-lo no
plano das ideias e dos valores. Do ponto de vista do juízo moral, afinal na
educação infantil, a criança encontra-se numa fase denominada de heteronomia,
em que dá legitimidade a regras e valores porque provêm de fora, em geral de um
adulto a quem ela atribui força e prestígio. Na moral autônoma, ao contrário, a
maturidade da criança lhe permite compreender que as regras são passíveis de
discussão e reformulação, desde que haja acordo entre os elementos do grupo.
Além disso, vê a igualdade e reciprocidade como componentes necessários da
justiça e torna-se capaz de coordenar seus pontos de vista e ações com os de
outros, em interações de cooperação.
A passagem da heteronomia
para a autonomia supõe recursos internos (afetivos e cognitivos) e externos
(sociais e culturais). Para que as crianças possam aprender a gerenciar suas
ações e julgamentos conforme princípios outros que não o da simples obediência,
e para que possam ter noção da importância da reciprocidade e da cooperação
numa sociedade que se propõe a atender o bem comum, é preciso que exercitem o
autogoverno, usufruindo de gradativa independência para agir, tendo condições
de escolher e tomar decisões, participando do estabelecimento de regras e
sanções.
Assim, é preciso planejar
oportunidades em que as crianças dirijam suas próprias ações, tendo em vista
seus recursos individuais e os limites inerentes ao ambiente.
Sandra,
ResponderExcluirLembra-se quando eu disse que seus relatos mais pareciam um artigo?
Venho a confirmar que aqui temos uma revista acadêmica eletrônica!
Vou ler o seu com muita calma e paciência, com mais tempo!
Até porque o seu trabalho é sempre realizado com muita maestria e competência teórico-prática!
Parabéns por tudo, pelo ser humano que és, pela liderança positiva em sala - o que contagia tudo e todos!
Abraço e até o próximo semestre!