Desde
muito cedo as crianças estão inseridas em ambientes que exigem delas diferentes
formas de comunicação. Quando bebês participam de diferentes grupos que lhes ensinam
por imitação ou reforçamento diferencial a emitirem diferentes sons que mais se
aproximam da linguagem humana e assim a obterem o controle operante da
musculatura vocal, pronunciando os diferentes fonemas da nossa voz. Tais
aspectos nos remetem a Educação informal que as crianças passam pelos grupos
que frequentam. Mas em se tratando do aspecto formal da linguagem é possível
afirmar que desde muito cedo a criança se utiliza da linguagem oral para se
comunicar quer seja em situações informais ou mesmo em situações formais nas
instituições em que elas frequentam. É nesse ambiente, na interação com as
crianças de sua faixa etária e com os docentes que a criança enriquece seu
repertório de palavras e de ações, gestos e comportamentos muitas vezes
utilizados para resolver os problemas que aparecem no dia- a-dia.
A linguagem oral está presente no cotidiano e na
prática das instituições de educação infantil à medida que todos que dela
participam: crianças e adultos, falam, se comunicam entre si, expressando
sentimentos e ideias. As diversas instituições concebem a linguagem e a maneira
como as crianças aprendem de modos bastante diferentes.
Muito cedo, os bebês emitem sons articulados
que lhes dão prazer e que revelam seu esforço para comunicar-se com os outros.
Os adultos ou crianças mais velhas interpretam essa linguagem peculiar, dando
sentido à comunicação dos bebês. A construção da linguagem oral implica,
portanto, na verbalização e na negociação de sentidos estabelecidos entre
pessoas que buscam comunicar-se. Ao falar com os bebês, os adultos,
principalmente, tendem a utilizar uma linguagem simples, breve e repetitiva,
que facilita o desenvolvimento da linguagem e da comunicação. Outras vezes,
quando falam com os bebês ou perto deles, adultos e crianças os expõem à
linguagem oral em toda sua complexidade, como quando, por exemplo, na situação
de troca de fraldas, o adulto fala: “Você está molhado? Eu vou te limpar,
trocar a fralda e você vai ficar sequinho e gostoso!”. Nesses processos, as
crianças se apropriam, gradativamente, das características da linguagem oral,
utilizando-as em suas vocalizações e tentativas de comunicação.
A ampliação de suas capacidades de
comunicação oral ocorre gradativamente, por meio de um processo de idas e
vindas que envolvem tanto a participação das crianças nas conversas cotidianas,
em situações de escuta e canto de músicas, em brincadeiras etc., como a participação
em situações mais formais de uso da linguagem, como aquelas que envolvem a
leitura de textos diversos.
Com referência a linguagem escrita nas sociedades letradas, as crianças, desde
os primeiros meses, estão em permanente contato com a linguagem escrita. É por
meio desse contato diversificado em seu ambiente social que as crianças
descobrem o aspecto funcional da comunicação escrita, desenvolvendo
interesse e curiosidade por essa linguagem. Diante do ambiente de letramento em
que vivem, as crianças podem fazer, a partir de dois ou três anos de idade, uma
série de perguntas, como “O que está escrito aqui?”, ou “O que isto quer
dizer?”, indicando sua reflexão sobre a função e o significado da escrita, ao
perceberem que ela representa algo.
Desse modo, as crianças
aprendem a produzir textos antes mesmo de saber grafá-los de maneira
convencional, como quando uma criança utiliza o professor como escriba
ditando-lhe sua história. A situação inversa também é possível, quando as
crianças aprendem a grafar um texto sem tê-lo produzido, como quando escrevem
um texto ditado por outro ou um que sabem de cor. Isso significa que, ainda que
as crianças não possuam a habilidade para escrever e ler de maneira autônoma pode
fazer uso da ajuda de parceiros mais experientes, para aprenderem a ler e a
escrever em situações significativas.
Os objetivos do eixo da
oralidade e da escrita estão assim representados: ZERO A TRÊS ANOS: participar de variadas situações de
comunicação oral, para interagir e expressar desejos, necessidades e sentimentos
por meio da linguagem oral, contando suas vivências; interessar-se pela leitura
de histórias; familiarizar-se aos poucos
com a escrita por meio da participação em situações nas quais ela se faz
necessária e do contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos
etc.
QUATRO A SEIS ANOS: ampliar gradativamente suas possibilidades de comunicação e expressão, interessando-se por conhecer vários gêneros orais e escritos e participando de diversas situações de intercâmbio social nas quais possa contar suas vivências, ouvir as de outras pessoas, elaborar e responder perguntas; familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros portadores de texto e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se faça necessário; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas situações do cotidiano; escolher os livros para ler e apreciar; interessar-se por escrever palavras e textos ainda que não de forma convencional.
QUATRO A SEIS ANOS: ampliar gradativamente suas possibilidades de comunicação e expressão, interessando-se por conhecer vários gêneros orais e escritos e participando de diversas situações de intercâmbio social nas quais possa contar suas vivências, ouvir as de outras pessoas, elaborar e responder perguntas; familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros portadores de texto e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se faça necessário; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas situações do cotidiano; escolher os livros para ler e apreciar; interessar-se por escrever palavras e textos ainda que não de forma convencional.
No que diz respeito aos
conteúdos a oralidade, a leitura e a escrita devem ser trabalhadas de forma
integrada.
Na faixa de 0 a 03 anos o
uso da linguagem oral para conversar, comunicar-se, relatar suas vivências e
expressar desejos, vontades, necessidades e sentimentos, nas diversas situações
de interação presentes no cotidiano. Participação em situações de leitura
de diferentes gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, parlendas,
trava-línguas etc. Participação em situações cotidianas nas quais se faz
necessário o uso da leitura e da escrita. Observação e manuseio de materiais impressos,
como livros, revistas, histórias em quadrinhos etc.
Para a faixa de 04 a 05
anos a oralidade, a leitura e a escrita devem
ser trabalhadas de forma integrada.
Uso da linguagem oral
para conversar, brincar, comunicar e expressar desejos, necessidades, opiniões,
ideias, preferências e sentimentos e relatar suas vivências nas diversas
situações de interação presentes no cotidiano. Elaboração de perguntas e
respostas de acordo com os diversos contextos de que participa. Participação em situações que envolvem a
necessidade de explicar e argumentar suas ideias e pontos de vista. Relato de experiências vividas e narração de
fatos em sequência temporal e causal. Reconto de histórias conhecidas com
aproximação às características da história original no que se refere à
descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do
professor. Conhecimento e reprodução oral de jogos verbais, como trava línguas,
parlendas, adivinhas, quadrinhas, poemas e canções.
A leitura e a escrita
também podem fazer parte das atividades diversificadas, por meio de ambientes
organizados para: leitura — são organizados de forma atraente, num ambiente
aconchegante, livros de diversos gêneros, de diferentes autores, revistas,
histórias em quadrinhos, jornais, suplementos, trabalhos de outras crianças
etc.; jogos de escrita — no ambiente criado para os jogos de mesa, podem-se
oferecer jogos gráficos, como caça-palavras, forca, cruzadinhas etc. Nesses
casos, convém deixar à disposição das crianças cartelas com letras, letras
móveis etc., faz-de-conta — a criação de ambientes para brincar no interior ou
fora da sala possibilita a ampliação contextualizada do universo
discursivo, trazendo para o cotidiano da instituição novas formas de interação
com a linguagem. Esse espaço pode conter diferentes caixas previamente
organizadas pelo professor para incrementar o jogo simbólico das crianças, nas
quais tenham diversos materiais gráficos, próprios às diversas situações
cotidianas que os ambientes do faz-de-conta reproduzem, como embalagens
diversas, livros de receitas, blocos para escrever, talões com impressos
diversos etc.
A avaliação é de caráter
formativo, sendo um importante instrumento para que o professor possa obter
dados sobre o processo de aprendizagem de cada criança, reorientar sua prática
e elaborar seu planejamento, propondo situações capazes de gerar novos avanços
na aprendizagem das crianças. São consideradas experiências
prioritárias para as crianças de zero a três anos a utilização da
linguagem oral para se expressar e a exploração de materiais escritos.
Para isso, é preciso que as crianças participem de situações nas quais possam
conversar e interagir verbalmente, ouvir histórias contadas e lidas pelo
professor, presenciar diversos atos de escrita realizados pelo professor,
ter acesso a diversos materiais escritos, como livros, revistas, embalagens
etc. A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham tido muitas
oportunidades na instituição de educação infantil de vivenciar experiências
envolvendo a linguagem oral e escrita, pode-se esperar que as crianças
participem de conversas, utilizando-se de diferentes recursos necessários
ao diálogo; manuseiem materiais escritos, interessando-se por ler e por ouvir a
leitura de histórias e experimentem escrever nas situações nas quais isso
se faça necessário, como, por exemplo, marcar seu nome nos desenhos. Para que
elas possam vivenciar essas experiências, é necessário oferecer
oportunidades para que façam perguntas; elaborem respostas; ouçam as colocações
das outras crianças; tenham acesso a diversos materiais escritos e possam
manuseá-los, apreciá-los e incluí-los nas suas brincadeiras; ouçam
histórias lidas e contadas pelo professor ou por outras crianças; possam
brincar de escrever, tendo acesso aos materiais necessários a isso.
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