terça-feira, 4 de junho de 2013

Aula 23 de maio de 2013 – Eixo das Artes

Mais uma etapa se inicia depois de uma semana compensadora com trabalhos que fazem a vida acadêmica valer a pena é hora de assistir e vibrar com nossos companheiros das Artes.

O RCNEI/1998 é um marco para a pequena infância, é o primeiro documento nacional e destaca-se pela sua contribuição para o desenvolvimento da criação artística infantil. No entanto, esse documento incorpora preceitos neoliberais apresentando conceitos ora equivocados, ora explicitados por meio de palavras-chave, a partir de uma lógica em que não há neutralidade. É marcado pela ausência de propostas claras e objetivas em relação a dar maior visibilidade à arte e à leitura da imagem. Nesse sentido, verifica-se que existe certo descaso com o ensino de artes, quando são observadas as minúcias ou as pequenas expressões. Cabe ressaltar que não se refere à formação de artistas, mas valorizar os conteúdos próprios da linguagem visual. A criança quando constrói o seu desenho tornam visíveis os seus pensamentos, as suas emoções e os seus sentimentos organizados num texto visual repleto de significados. Conclui-se que o eixo de trabalho das artes visuais se mostra propenso a ser repensado, aprimorado e priorizado tendo como mote uma educação contemporânea, que entenda a linguagem das artes visuais como necessária à formação do homem numa perspectiva sociocultural.
A arte da criança, desde cedo, sofre influência da cultura, seja  por meio de materiais e suportes com que faz seus trabalhos, seja pelas imagens e atos de produção artística que observa na TV, em revistas,  em gibis, rótulos,  estampas, obras de arte, trabalhos  artísticos  de outras crianças  etc.(RCNEI, 1998, p.88).

Logo, o reconhecimento de que o domínio das diversas linguagens existentes, de acordo com os códigos culturais de cada sociedade ou grupo constitui-se hoje como competência essencial ao desenvolvimento do espírito crítico, visando o pleno exercício da cidadania, vem impulsionando a defesa de um ensino da Arte que realmente se efetive por meio de espaços de experimentação sensível e do contato com as obras artísticas produzidas ao longo da história da humanidade.
Tal afirmação vem em consonância com o trabalho apresentado para a comunidade acadêmica que tentou vislumbrar a história e o reconhecimento das obras do artista brasileiro, fenômeno mundial Romero Britto.
Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil atribuem importância à presença da  Arte  na educação, reconhecendo­a  como veículo de expressão das experiências sensíveis vivenciadas  pelas crianças, por meio das quais elas elaboram jogos e construções simbólicas ampliando seu conhecimento de mundo. No entanto, esse  mesmo documento registra o fato de que as contribuições trazidas pelos estudos nos diversos campos das ciências, inclusive no campo da arte, ainda não produziram alterações  nas  práticas  correntes: “A presença das  Artes  Visuais na educação infantil ao longo da história, tem demonstrado um descompasso entre os caminhos apontados pela produção teórica e a prática pedagógica existente”. (RCNEI, 1998, p.87).  Os RCNEI, após um breve histórico sobre o ensino da Arte no país,  apresentam uma proposta pedagógica  para  as  Artes Visuais que se  concretiza  mediante  a  articulação entre três campos conceituais: fazer artístico,  apreciação e reflexão.
Em seguida, traz orientações didáticas sobre atividades, recursos, organização do tempo e do espaço e trabalho com projetos.
O RCNEI define arte como “linguagem, portanto, uma das formas de expressão e comunicação humana, o que, por si só, justifica sua presença no contexto da educação, de modo geral, e na educação infantil, particularmente”. (BRASIL, 1998, III, p. 85) Sem dúvida, a conceituação da arte como linguagem é importante, visto que há na arte um elemento de comunicação, entretanto, há de se reconhecer que os significados das obras de artes não são reduzidos a esse processo de comunicação entre produtor e receptor. O caráter de comunicabilidade de tais representações não deve ser o único a ser levado em consideração no que se refere à tentativa de conceituar o que venha a ser arte e justificar a sua inserção na educação. Se, por um lado, o documento afirma que a arte é uma linguagem e, portanto, possui uma lógica formal própria, tal lógica, que seriam os conteúdos a serem transmitidos aos alunos, não é explicada aos professores. Parte-se diretamente ao “como” o professor deve fazer, de modo a estimular o interesse das crianças em relação às diversas manifestações artísticas.
 O ensino de artes na educação infantil tem como finalidade formar “crianças sensíveis ao mundo e conhecedoras da linguagem da arte” (BRASIL, 1998, III, p. 91). Desse modo, as instituições de educação infantil devem organizar suas práticas pedagógicas a fim de garantir oportunidades para que as crianças sejam capazes de ampliar seus conhecimentos, assim como suas possibilidades de expressão. Da citação, destaque-se que, assim como as Diretrizes, o RCNEI estabelece uma relação direta entre arte (cultura) e desenvolvimento da sensibilidade. Não se pretende negar que mediante a apropriação dos conhecimentos advindos dos bens culturais a sensibilidade pode ser estimulada, mas tal relação não é direta.


Para finalizar, deve-se deixar claro que a inserção do RCNEI na educação infantil significa um passo importante do sistema educacional brasileiro, visto que possibilita o contato e a apropriação do conhecimento relativo às artes por diversas camadas sociais, favorecendo assim, uma maior democratização desses conteúdos, a fim de beneficiar a inserção desses sujeitos em determinadas discussões e reflexões. O ensino de artes pode favorecer a compreensão dos elementos imanentes da obra, exigindo um esforço dos sujeitos envolvidos nesse processo de aprendizagem. Tal esforço é fundamental para o desenvolvimento do pensamento e da reflexão e, portanto da autonomia.



















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