Mais
uma etapa se inicia depois de uma semana compensadora com trabalhos que fazem a
vida acadêmica valer a pena é hora de assistir e vibrar com nossos companheiros
das Artes.
O
RCNEI/1998 é um marco para a pequena infância, é o primeiro documento nacional
e destaca-se pela sua contribuição para o desenvolvimento da criação artística
infantil. No entanto, esse documento incorpora preceitos neoliberais
apresentando conceitos ora equivocados, ora explicitados por meio de
palavras-chave, a partir de uma lógica em que não há neutralidade. É marcado
pela ausência de propostas claras e objetivas em relação a dar maior
visibilidade à arte e à leitura da imagem. Nesse sentido, verifica-se que
existe certo descaso com o ensino de artes, quando são observadas as minúcias
ou as pequenas expressões. Cabe ressaltar que não se refere à formação de
artistas, mas valorizar os conteúdos próprios da linguagem visual. A criança
quando constrói o seu desenho tornam visíveis os seus pensamentos, as suas
emoções e os seus sentimentos organizados num texto visual repleto de
significados. Conclui-se que o eixo de trabalho das artes visuais se mostra propenso
a ser repensado, aprimorado e priorizado tendo como mote uma educação
contemporânea, que entenda a linguagem das artes visuais como necessária à
formação do homem numa perspectiva sociocultural.
A arte da
criança, desde cedo, sofre influência da cultura, seja
por meio de materiais e suportes com que faz
seus trabalhos, seja pelas imagens e atos de produção
artística que observa na TV, em revistas, em gibis, rótulos,
estampas, obras de arte, trabalhos artísticos de outras
crianças etc.(RCNEI, 1998, p.88).
Logo, o
reconhecimento de que o domínio das diversas linguagens existentes, de acordo
com os códigos culturais de cada sociedade ou grupo constitui-se hoje como
competência essencial ao desenvolvimento do espírito crítico, visando o pleno
exercício da cidadania, vem impulsionando a defesa de um ensino da Arte que realmente se efetive por
meio de espaços de experimentação sensível e do contato com as obras artísticas
produzidas ao longo da história da humanidade.
Tal afirmação vem em consonância com o
trabalho apresentado para a comunidade acadêmica que tentou vislumbrar a
história e o reconhecimento das obras do artista brasileiro, fenômeno mundial
Romero Britto.
Os Referenciais
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil atribuem
importância à presença da Arte na educação,
reconhecendoa como veículo de expressão das experiências sensíveis
vivenciadas pelas crianças, por meio das quais elas elaboram jogos e
construções simbólicas ampliando seu conhecimento de mundo. No
entanto, esse mesmo documento registra o fato de que as
contribuições trazidas pelos estudos nos diversos campos das ciências,
inclusive no campo da arte, ainda não produziram alterações
nas práticas correntes: “A presença das Artes Visuais
na educação infantil ao longo da história, tem demonstrado um descompasso entre
os caminhos apontados pela produção teórica e a prática
pedagógica existente”. (RCNEI, 1998, p.87). Os RCNEI,
após um breve histórico sobre o ensino da Arte no país,
apresentam uma proposta pedagógica para as Artes Visuais
que se concretiza mediante a articulação entre três
campos conceituais: fazer artístico, apreciação e reflexão.
Em seguida, traz orientações didáticas sobre
atividades, recursos, organização do tempo e do espaço e trabalho com projetos.
O RCNEI define arte como “linguagem, portanto,
uma das formas de expressão e comunicação humana, o que, por si só, justifica
sua presença no contexto da educação, de modo geral, e na educação infantil,
particularmente”. (BRASIL, 1998, III, p. 85) Sem dúvida, a conceituação da arte
como linguagem é importante, visto que há na arte um elemento de comunicação,
entretanto, há de se reconhecer que os significados das obras de artes não são
reduzidos a esse processo de comunicação entre produtor e receptor. O caráter
de comunicabilidade de tais representações não deve ser o único a ser levado em
consideração no que se refere à tentativa de conceituar o que venha a ser arte
e justificar a sua inserção na educação. Se, por um lado, o documento afirma que
a arte é uma linguagem e, portanto, possui uma lógica formal própria, tal
lógica, que seriam os conteúdos a serem transmitidos aos alunos, não é
explicada aos professores. Parte-se diretamente ao “como” o professor deve
fazer, de modo a estimular o interesse das crianças em relação às diversas
manifestações artísticas.
Para finalizar, deve-se deixar claro que a
inserção do RCNEI na educação infantil significa um passo importante do sistema
educacional brasileiro, visto que possibilita o contato e a apropriação do
conhecimento relativo às artes por diversas camadas sociais, favorecendo assim,
uma maior democratização desses conteúdos, a fim de beneficiar a inserção
desses sujeitos em determinadas discussões e reflexões. O ensino de artes pode
favorecer a compreensão dos elementos imanentes da obra, exigindo um esforço
dos sujeitos envolvidos nesse processo de aprendizagem. Tal esforço é
fundamental para o desenvolvimento do pensamento e da reflexão e, portanto da
autonomia.
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