Na data de 13 de junho foi trabalhado com as acadêmicas
de Pedagogia o Eixo da linguagem matemática.
De acordo
com o RCNEI, o trabalho com noções matemáticas na educação infantil
atende, por um lado, às necessidades das crianças de construírem conhecimentos
que incidam nos mais variados domínios do pensamento, por outro, corresponde a
uma necessidade social de instrumentalizá-las melhor para viver, participar e
compreender um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades.
As noções matemáticas (contagem, relações
quantitativas e espaciais etc.) são construídas pelas crianças a partir das
experiências proporcionadas pelas interações com o meio, pelo intercâmbio com
outras pessoas que possuem interesses conhecimentos e necessidades que podem
ser compartilhados. As crianças têm e podem ter várias experiências com o
universo matemático e outros que lhes permitem fazer descobertas, tecer
relações, organizar o pensamento, o raciocínio lógico, situar-se e localizar-se
espacialmente. Configura-se desse modo um quadro inicial de referências lógico
matemáticas que requerem outras, que podem ser ampliadas. São manifestações de
competências, de aprendizagem, advindas de processos informais, da relação
individual e cooperativa da criança em diversos ambientes e situações de
diferentes naturezas, sobre as quais não se tem planejamento e controle.
Entretanto, a continuidade da aprendizagem matemática não dispensa a
intencionalidade e o planejamento. Reconhecer a potencialidade e a adequação de
uma dada situação para a aprendizagem, tecer comentários, formular perguntas,
suscitar desafios, incentivar a verbalização pela criança etc., são atitudes
indispensáveis do adulto. Representam vias a partir das quais as crianças
elaboram o conhecimento em geral e o conhecimento matemático em particular.
Deve-se
considerar o rápido e intenso processo de mudança vivido pelas crianças, pois
as mesmas apresentam possibilidades de estabelecer vários tipos de relação
(comparação, expressão de quantidade), representações mentais, gestuais e
indagações, deslocamentos no espaço.
À medida
que crescem, as crianças conquistam maior autonomia e conseguem levar adiante ações
que tenham uma finalidade, conseguem formular questões mais elaboradas,
aprendem a trabalhar diante de um problema, desenvolvem estratégias, criam ou
mudam regra de jogos, revisam o que fizeram e discutem entre pares as
diferentes propostas.
Na
educação infantil o uso da matemática se dá através de
conversas, resolução de problemas cotidianos, registro e comunicação de ideias
matemáticas.
Pensando
assim, a avaliação consiste em observar e compreender os significados que as crianças
dão às atividades trabalhadas, percebendo o que elas sabem e pensam sobre as noções
matemáticas, evitando a aplicação de avaliações tradicionais que tem como
objetivo a classificação. O enunciado do RCNEI (1998, v.3, p.238) apresenta: “A
avaliação terá a função de mapear e acompanhar o pensamento da criança sobre
noções matemáticas, isto é, o que elas sabem e como pensam para reorientar o
planejamento da ação educativa”.
O
professor deve levar em consideração que há inúmeras maneiras de se responder
uma pergunta e que os pontos de vista infantis mudam constantemente, propondo,
assim, atividades contextualizadas que permitam à criança avançar em suas
hipóteses. Desse modo, a avaliação será um instrumental baseado nos avanços
alcançados pelas crianças.
É
prioridade deste eixo, para crianças de 0 a 05 anos, o contato com números e a
exploração dos espaços trabalhados nas atividades, no intuito de possibilitar o
avanço das crianças para situações de contagem oral, registro de quantidade e
comunicação de posições e localização.
A
observação do professor é realizada sistematicamente nas atividades, percebendo
as estratégias utilizadas pelas crianças para contar, registrar quantidades e
verbalizar posições e localização no cotidiano da sala de aula.
No
que diz respeito à apropriação dos conteúdos matemáticos, o professor deve
mobilizar as crianças, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.
Ao docente, como mediador do conhecimento produzido historicamente pelo homem,
cabe o planejamento de ações em sala de aula. Além de preocupar-se com o
conteúdo matemático envolvido em cada atividade, deve definir a metodologia de
seu trabalho para que este envolva todas as crianças e para que crie situações
de aprendizagem que garantam a apropriação dos conteúdos, respeitando as
diferenças dos alunos.
Subentende-se que o professor é o organizador da
atividade e por isso sabe o que está em jogo no espaço da sala de aula: o
conteúdo, as dificuldades em aprender, as respostas que indicam se o conceito
está sendo apreendido ou não, e as solicitações necessárias para redirecionar a
busca de um nível mais avançado de conhecimento.
Devido a este fato é Esta é interessante se realizar uma
análise crítica dos Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil,
com o intuito de adentrar pelos meandros e pelas tramas de uma proposta
curricular, buscando revelar, por entre letras e números, a concepção sobre infância
e matemática que o documento veicula.
Segundo o RCNEI, a ideia fundamental é a de proporcionar aos
sujeitos o acesso a um conjunto de signos e regras que articulam o conhecimento
matemático, de modo que o sujeito possa resolver problemas.
“Historicamente a Matemática tem-se caracterizado como
uma atividade de resolução de problemas de diferentes tipos. A instituição de
Educação Infantil poderá constituir um contexto favorável para propiciar a
exploração de situações-problema.” (Brasil, 1998, p. 211).
Portanto, o conhecimento matemático é entendido a partir
de seu valor cultural, da construção social, abre possibilidades para que o
sujeito se veja como aquele que se apropria de conhecimentos, que é capaz de confrontar
teorias e estabelecer relações com outros sujeitos e objetos (Araujo, 2005, p.
3).
Por essa razão, defende-se a dimensão histórico-lógica
para ensinar a matemática, o que significa perceber o movimento histórico cultural
do homem, ao transformar a natureza em busca de melhores condições de vida. No
caso específico da matemática, a necessidade de contar promoveu o controle das
quantidades por meio de sistemas de signos, conhecimentos matemáticos que foram
sendo desenvolvidos ao longo do tempo, desencadeando a necessidade de serem
compartilhados com todos os membros do grupo, com a finalidade de promover a comunicação
entre os sujeitos, para a realização de ações colaborativas. (Moura, 2007).
O objetivo da situação-problema, para o RCNEI, é o de desenvolver
o raciocínio lógico da criança, como se a aprendizagem de matemática fosse uma
iniciação, para que o sujeito, ao adquirir competência para resolver problemas
de seu cotidiano, torne-se capaz de lidar satisfatoriamente com as situações
que irá resolver mais tarde, em sua vida profissional. Essa é uma visão
restrita ao utilitarismo e tem como meta educacional, como salienta Duarte
(2001, p. 63), “a formação de um indivíduo preparado para a constante adaptação
às demandas do processo de reprodução do capital”.
O RCNEI afirma que a situação-problema é aquela que:
[...] deve ser criteriosamente planejada, a
fim de que esteja contextualizada, remetendo a conhecimentos prévios,
possibilitando a ampliação de repertórios de estratégias no que se refere à
resolução de operações, notação numérica, formas de representação e comunicação
etc., e mostrando-se como uma necessidade que justifique a busca de novas informações
(Brasil, 1998, p. 212).
O RCNEI, em diversos momentos, afirma que se deve
considerar o conhecimento prévio dos alunos para, a partir destes, desenvolver estratégias
de ensino que permitam a aquisição de novos conteúdos. A perspectiva
histórico-lógica não despreza a importância desses conhecimentos, mas amplia o
seu papel na apropriação da linguagem matemática, como assevera Moura:
A
atividade de ensino que traduz em conteúdos os objetivos de uma comunidade e
que considera as diferenças individuais e as particularidades dos problemas
deve ter como preocupação básica colocar em ação os vários conhecimentos
presentes em sala de aula no processo de construção de novos conhecimentos. (Moura,
1996, p. 32).
Portanto, o jogo é considerado como parte do universo da
criança que a auxiliará na apropriação do conhecimento produzido historicamente
pelo homem.
De modo geral, pode-se dizer que o RCNEI assume um
discurso ambíguo, “que o torna mais facilmente assimilável por um grande contingente
de educadores” (Duarte, 2001, p. 65), sobretudo quando ressalta a formação de
cidadania:
O
trabalho com a Matemática pode contribuir para a formação de cidadãos
autônomos, capazes de pensar por conta própria, sabendo resolver problemas.
Nessa perspectiva, a instituição de educação infantil pode ajudar as crianças a
organizarem melhor as suas informações e estratégias, bem como proporcionar condições
para a aquisição de novos conhecimentos matemáticos. O trabalho com noções
matemáticas na educação infantil atende, por um lado, às necessidades das próprias
crianças de construírem conhecimentos que incidam nos mais variados domínios do
pensamento; por outro, corresponde a uma necessidade social de
instrumentalizá-las para melhor viver, participar e compreender um mundo que
exige diferentes conhecimentos e habilidades (Brasil, 1998, p. 207).
O que se percebe aqui é que a criança constrói
conhecimento, pensamento, representações, capacidades. Fato este que delega à criança a
responsabilidade pelo seu processo de aprendizagem e desenvolvimento.
Percebe-se
que o RCNEI (1998) trouxe avanços para a avaliação, apresentando uma visão diagnóstica,
deixando clara a importância desse processo para a qualidade de ensino na educação
infantil, valorizando a observação, o registro e a avaliação formativa.
Fica
evidente que a avaliação não é um processo de julgamento, mas sim de reflexão,
devendo ocorrer cotidianamente, já que a criança apresenta diferenças todos os
dias.
A
contribuição fundamental do processo avaliativo leva em consideração a criança
e sua evolução no processo de aquisição do conhecimento.
Desta
forma, a avaliação deve servir para que o professor reflita sobre a sua ação
pedagógica revendo seus métodos e práticas de ensino, em função do aprendizado
dos alunos.
Esta
visão de avaliação exige do professor competências múltiplas e uma gama de conhecimentos,
a fim de que ele possa, na rotina diária de seu trabalho pedagógico, observar e
registrar a evolução das crianças.
Assim,
a existência da avaliação visa garantir a qualidade do processo ensino e aprendizagem,
tendo como foco a evolução e os caminhos percorridos pelos alunos em interação
com o professor.
Pode-se
concluir que a organização de situações de aprendizagem nos diferentes espaços
e tempos na escola infantil é fundamental para a formação e significação dos conceitos
matemáticos, ocorrendo à interação entre os alunos e profissionais, retratando
a proposta pedagógica da escola, mesmo que de forma não direta.
Para
finalizar, acredita-se que a educação, em geral, e a lógico/matemática, em especial,
podem oferecer às crianças instrumentos que potencializem o pensamento e a ação
para interpretar e enfrentar, de forma significativa, os problemas da vida, e
cabe aos educadores introduzir atividades voltadas para isso, desde a escola
infantil.
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