sexta-feira, 8 de março de 2013

O Contador de Histórias





Na data de 07 de março de 2013 na disciplina de Conteúdos e Metodologias para a Educação Infantil, assistimos ao filme o contador de histórias.
Filme este que conta a dramática e trágica história de um menino chamado Roberto, nascido nos anos 1970, em Belo Horizonte, é o caçula de uma família pobre com muitos filhos. Acreditando que seria o melhor para seu filho, a mãe de Roberto, o entregou à FEBEM, na esperança que o menino tivesse um futuro melhor ali. Acreditava que na FEBEM ele teria condição de estudar, e se tornaria um profissional bem sucedido, mas acabou tornando-se um fugitivo da instituição e autor de vários crimes. Sofreu com o abandono, a violência (passou por situações terríveis incluindo estupro) e, consequentemente, a exclusão social.
De tanto fugir e ser capturado, Roberto passou por inúmeros educadores e psicólogos, alguns deles não empregavam uma pedagogia que fosse capaz de mudar a realidade da vida daquela criança e muitas vezes chagaram a classificá-lo como um “caso perdido” e “irrecuperável”.
O destino colocou em seu caminho uma mulher chamada Marguerite Duvas, uma pedagoga francesa que estava no Brasil para fazer uma pesquisa e encontrou na história de vida de Roberto um estímulo. Ela não apenas utilizou o menino como objeto de pesquisa, como também tomou pra si os cuidados dele, pois creditava que apensar de ser um menino de rua e um menor delinquente, tinha um grande potencial.
Roberto conseguiu estudar e tornar-se, anos depois, Pedagogo, com pós-graduação em literatura infantil e um famoso contador de histórias, conhecido internacionalmente.

       A REALIDADE INFANTIL DENTRO DA FEBEM

Oficialmente, a FEBEM deveria ser um espaço onde ocorreria a reeducação, ressocialização e reintegração, seria uma associação antipaternalista e antiprisão (VIOLANTE, 1982). No entanto, filmes como Pixote, A Lei do mais Fraco e o próprio O contador de Histórias retratam outra realidade, uma instituição na qual ocorrem todos os tipos de violência, o extermínio de menores e o uso de drogas são retratados.
Roberto Carlos um menino sozinho para driblar as adversidades num lugar desconhecido, usa seu melhor instrumento: incrível capacidade de criar situações e imagens para transformar a realidade e se fazer aceito perante uma sociedade sem ideais concretos.
Ao ser institucionalizado, o menor passa por um processo de despojamento psíquico e social, sua individualidade é ignorada e ele internaliza os objetos de recuperação da instituição, mesmo não sendo infrator. Nesse processo, o menor perde, aos poucos, os documentos de sua identidade interior. Ele perde sua história, sua aparência física, sua origem e seu ambiente social. (CAMPOS 1984)
Foi exatamente o que ocorreu com Roberto e pior na pré-adolescência, é obrigado a mudar de instituição, indo conviver com jovens mais velhos, severos e cheios de vício, um lugar que para ser aceito tinha que aprender palavrões, falar duro, um local com ausência total de esperança ou possibilidades de mudança. Roberto Carlos e alguns outros internos logo descobrem o caminho das ruas, das drogas e dos pequenos delitos, cena narrada como se fosse parte de uma partida de futebol. Na busca de segurança, Roberto tenta associar-se a um grupo ainda mais violento.
Aos 13 anos, ainda analfabeto, depois de muitas tentativas de fuga, separado da família, ele carrega o estigma de ‘irrecuperável’.
Os internos mantinham uma postura que era imposta pelos monitores, mantinham-se em fila de cabeça baixa e mãos para traz. Tal exigência era prática comum e visava à submissão total do interno.
A ordem na instituição era torturar o tempo todo e gerar uma sensação de tempo perdido, ao invés de prepará-los para o trabalho e para a vida em sociedade, seu objetivo declarado era condená-los a condição de delinquentes, visto que atividades escolares ou profissionalizantes não existiam ali.
Como afirma Foucault (2006), o delinquente é submetido a toda uma tecnologia penal para marcar seu desvio, buscar sua degeneração e diferenciá-los dos outros pobres.
Ali quanto maior era o crime, maior era o respeito e todos os infratores ostentavam com orgulho suas infrações, pois desta forma eram respeitados.
Pode-se dizer que estar na FEBEM era como estar preso da mesma forma que criminosos adultos. O tratamento ali certamente viria a contribuir para a consolidação de uma identidade delinquente e se encaixava dentro de um conjunto de estratégias que distancia cada vez mais o jovem das possibilidades de ser incluído socialmente. Ou, de maneira perversa o inclui através da delinquência, sendo este um recurso para sair do anonimato.
Mas a sorte de Roberto fora outra, em  visita à instituição, a pedagoga francesa Margherit  aproxima-se de Roberto com duas expressões que jamais lhe foram dirigidas – ‘com licença’ e ‘por favor’. Este foi o começo de uma emocionante e bem sucedida história de afeto e dedicação que rendem frutos até hoje: Roberto Carlos Ramos, formado em pedagogia e pós-graduado em literatura infantil, voltou à instituição na qual cresceu – mas como estagiário, para fazer a diferença.
Ele adotou mais de vinte meninos de rua, muitos, de início, ‘irrecuperáveis’, como ele foi.

                aplauso.imprensaoficial.com.br/edicoes/12.0.813.../12.0.813.626.pdf                                                     SOFRIMENTO

Palavra que define a realidade de crianças que viviam no contexto de Roberto. A violência os marcava fisicamente e psicologicamente, os fazendo agir como criminosos, por não terem outras oportunidades de mostrarem que poderiam ser diferentes.
Felizmente, as algumas crianças são salvas desse mundo cruel, como Roberto, que teve na figura da pedagoga francesa uma base para seu crescimento e desenvolvimento como pessoa, alguém de bem. Outras ficam à mercê do destino, sendo obrigadas a pagarem altos preços por isso.

                                
                                       A PEDAGOGIA


A pedagogia e a psicologia são muito bem representadas por Marguerite, à pedagoga francesa, se utilizou de métodos simples e diferente aplicando-as com carinho. De início, ela tenta, apenas, concluir a sua pesquisa, ao mesmo tempo em que a comove e a intriga a história de Roberto, a francesa se envolve ainda mais. Surpreende-se quando Roberto deixa claro que confia nela e que a tem muito mais como uma amiga, mas também, como sua “mãe”.
Ela o ensina a escrever ler e também a falar francês, pois acreditava que ele deveria ser enxergado de um modo diferente na sociedade e não como um menino de rua, sem futuro.
O filme é fundamentado num drama real, que tem por objetivo sensibilizar e alertar a todos quanto à realidade não só do país, principalmente pedagogos e psicólogos na sua formação. Hoje, muitas crianças ainda esperam por uma transformação em suas vidas ou a vinda de pessoas que contribuam para o seu crescimento e as tirem dessa triste realidade que atinge grande parte da sociedade brasileira.
Ao assistir o filme O Contador de histórias, me vi refletindo sobre o que é ser pedagoga e qual a nossa função neste mundo tão turbulento. Fez-me ter mais vontade e garra de prosseguir e ir além na busca de novos horizontes e fronteiras, que possam fazer da Educação a arma para lutar por um mundo tão cheio de guerras, de injustiças e desigualdades.
Fez-me querer mais do que ensinar por ensinar e sim atribuir sentido, dar força a opinião de cada futuro promissor que existem perdidos por entre as Casas tutelares, as ruas, as periferias de um país tão rico e tão pobre ao mesmo tempo.
 O Contador de Histórias relata a história de uma pedagoga francesa que acreditou numa criança que ninguém mais acreditava e possibilitou a ela oportunidades, como resultado esta tornou- se um renomado pedagogo e hoje é considerado um dos dez melhores  contadores de história do Mundo e é assim que vejo a classe dos futuros profissionais lutando para que cada sujeito sem perspectiva crie uma esperança, confie que a Educação ainda é a melhor solução para se sair do anonimato.
 Ao ver aquelas cenas pensei, pedagogia vai além do ensinar, como pedagogas temos que acreditar e amar o que nós fazemos. O nosso papel é fundamental na construção do sujeito, nós indicamos o caminho que ele deve andar, e para isso precisamos acreditar que a educação existe. Por mais que o sistema de ensino não contribua para que aconteça uma educação de qualidade, temos que fazer a nossa parte, com amor, carinho, paciência, sabedoria e respeito ao próximo. Só assim formaremos crianças felizes, capazes, críticas e com vontade vencer todos os obstáculos que a vida traça em sua caminhada.
Gostaria de ver nos dicionários, uma nova definição para pedagogia: ACREDITAR.  Se nós pedagogos não acreditamos  na criança e nas suas potencialidades, a educação perde todo o sentido.
Afinal, é cômodo culparmos o sistema e jogarmos para o governo a responsabilidade que cabe a nós educadores. É mais triste ainda vermos uma leva de profissionais que não se importam com a construção da personalidade e cidadania dos seus educandos e chegam a culpar as próprias crianças enquanto não refletem suas práticas e didáticas. Enquanto não nos conscientizarmos que a responsabilidade é do educador, não são novas políticas públicas que vão resolver nosso problema o grande desafio das políticas públicas é aplicar regras comuns para todos, sem que se perca a consideração da individualidade de cada ser.

                   A TEORIA DE HENRY WALLON

O conceito de afetividade de Wallon é colocado em prática no filme, fica claro que iniciativas educacionais com afetividade trazem resultados surpreendentes, respostas positivas e harmonizam o convívio social.  Por isso ao lidar com algum tipo de  problema rotulado como irreversível, lembre-se que o AMOR é a fórmula indispensável para alcançar o “impossível” .

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