Na data de 09 de maio
ocorreu a apresentação de dois grupos que abordaram o eixo do movimento. O
primeiro buscou se ater a atividades para crianças de 0 a 3 anos e o segundo de
4 a 5 anos, ambos se utilizaram do eixo da música para planejar a aula, tendo
nesta um dos recursos que propiciou a expressividade, a movimentação e a
socialização da turma.
O movimento é uma importante
dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. As crianças se movimentam
desde que nascem adquirindo cada vez maior controle sobre seu corpo.
O movimento humano é,
portanto o mais simples deslocamento do corpo no espaço.
Esses movimentos
incorporam-se aos comportamentos dos homens, resultam das interações sociais e
da relação do homem com o meio. Sua multiplicidade, funções e manifestações do
ato motor, propicia um amplo aspecto da motricidade das crianças, abrangendo
posturas corporais bem como outras atividades cotidianas.
As diversidades de práticas
pedagógicas caracterizam diferentes concepções quanto ao sentido e funções
atribuídas ao movimento cotidiano das instituições de educação infantil. O movimento além de ser um objetivo
disciplinar é um objetivo pessoal e social. Para uma criança pequena o
movimento significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no
espaço, o ato motor faz-se presente em suas funções expressivas, pode-se dizer
que no início do desenvolvimento predomina a dimensão subjetiva da motricidade
com a interação do seu meio social. Somente aos poucos que se desenvolve a
dimensão objetiva que corresponde às competências instrumentais, para agir
sobre o espaço e o meio físico.
O bebê muitas vezes se mexe
descontroladamente, determinado a torcer o corpo, isso pode significar que o
bebê esta com cólica, assim a primeira função do ato motor esta ligada a
expressão. Esta expressão continua com as adultas de uma forma frequente.
É muito importante que o
professor perceba os diversos significados que pode ter a atividade motora para
as crianças, contribuindo para que ela tenha uma percepção adequada de seus
recursos corporais. A organização do ambiente, dos materiais e do tempo visa
auxiliar e deve ser amplo o suficiente para acolher as manifestações da
motricidade infantil, para poder organizar e avaliar se a criança esta se
desenvolvendo ou não perante aos demais, principalmente nos berçários, no qual
a atenção deve ser redobrada para uma possível resolução futura.
Para tanto, o presente trabalho buscou levantar aspectos
relacionados à temática corpo e movimento e às diferentes formas como o tema é
tratado na escola, especialmente na educação de 0 a 5 anos.
A educação, hoje, está centrada na criança como
individuo. Cada tipo de atividade, trás algo como contribuição para tal
desenvolvimento, mas a ordem de prioridades para o ensino dessas
diferentes atividades mudou consideravelmente. Portanto, é necessário se
organizar uma rotina que envolva tanto as emoções, quanto as necessidades e
ações aliadas a uma proposta educacional, sendo isto um desafio constante para
quem trabalha na educação infantil.
Ao analisar o estado atual do conhecimento na
área de movimento na educação infantil, percebe-se a necessidade de uma
investigação mais aprofundada, principalmente no que se refere aos conteúdos
trabalhados nessa área com crianças de zero a cinco anos.
A partir da década de 80 até a década de 90, houve um
intenso trabalho que resultou na elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) e nas discussões a respeito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) que foi promulgada no ano de 1996. Esta nova LDB, pela primeira vez,
introduziu a educação infantil como a primeira etapa da educação básica. Nela,
a educação infantil, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança
até os cinco anos de idade.
Esta deve ser ofertada em creches para as crianças de até
três anos de idade e em pré-escolas, para crianças de 4 a 5 anos de idade. Essa
primeira etapa, mesmo não sendo obrigatória, passa a ser um direito da criança
e um dever do Estado. A partir daí, a educação de crianças pequenas passou a
fazer parte do processo educacional.
Partindo do
reconhecimento de que a educação é direito de todas as crianças, um dever da
família e do estado (LDB 9394/98 art. 2º) e de que a educação infantil se
constitui como primeira etapa da educação básica e que tem como finalidade o
desenvolvimento da criança até cinco anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, o eixo do movimento chega como uma
importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. Pois, ao movimentarem-se,
as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as
possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. O movimento
humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço:
constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio
físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de
seu teor expressivo.
Kishimoto (1996, p.452), ao discutir sobre Froebel,
mostra que: "Froebel acreditou na criança, enalteceu sua perfeição,
valorizou sua liberdade e desejou a expressão da natureza infantil por meio de brincadeiras
livres e espontâneas. Instituiu uma pedagogia tendo a representação simbólica
como eixo do trabalho educativo, sendo reconhecido por isso como psicólogo da
infância".
Na educação infantil é comum se ver crianças o tempo todo sentadas, em silêncio,
realizando atividades escolares. Porém, para que as crianças possam ampliar o
seu aprendizado, é preciso que os conceitos de educação estejam de acordo com
as necessidades e seus interesses. Durante a brincadeira a criança assimila sem
se dar conta. Por meio das atividades lúdicas a criança satisfaz seus desejos e
representa a realidade que as circunda.
Portanto, é inegável que haja mudanças na estrutura
educacional, por isso, ainda tem-se muito que refletir a implementar a respeito
da educação infantil. Um fator a ser discutido é a questão dos conteúdos a
serem trabalhados nesse nível de ensino. Não se pode mais ter o conteúdo como
sendo uma lista de itens que tem que ser assimilados pela criança e sim
aprendidos, e para isso é necessário a motivação das mesmas através de
atividades lúdicas que a façam interessar-se no querer mais.
“O movimento para a criança pequena significa muito
mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se
expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando
fortemente o apoio do corpo. A dimensão corporal integra-se ao conjunto da
atividade da criança. Pode-se dizer que no início do desenvolvimento predomina
a dimensão subjetiva da motricidade, que encontra sua eficácia e sentido
principalmente na interação com o meio social, junto às pessoas com quem a
criança interage diretamente. A externalização de sentimentos, emoções e
estados íntimos poderão encontrar na expressividade do corpo um recurso
privilegiado". (Referencial curricular nacional para a educação infantil,
1998, p.18).
Para o Referencial Curricular Nacional (BRASIL,
1998, p.15), o movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da
cultura humana, visto que, "as crianças se movimentam desde que nascem
adquirindo cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando
cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo".
Ao analisar os conteúdos de movimento apresentados
nesse referencial, é possível verificar que os mesmos foram organizados em
blocos: a expressividade, o equilíbrio e a coordenação.
Expressividade: nessa direção, o Referencial
Curricular Nacional (BRASIL, 1998) sugere atividades para crianças de 0 a 3
anos: reconhecimento progressivo de segmentos e elementos do próprio corpo,
expressões de sensações e ritmos corporais por meio de gestos, posturas e da
linguagem oral. Na atividade lúdica, para crianças de 4 a 5 anos, por meio da
mediação do adulto, o jogo desenvolve a memória, a atenção, a linguagem, a
imaginação e a personalidade.
Equilíbrio e coordenação: para as crianças de 0 a 3
anos são sugeridas atividades de exploração de diferentes posturas corporais,
ampliação da destreza progressiva para deslocar-se no espaço e aperfeiçoamento
dos gestos relacionados com encaixe, traçado de desenho, entre outros. Para
crianças de 4 a 5 anos, são envolvidas atividades de correr, subir, descer,
movimentar-se, dançar, entre outros.
Por meio dessas atividades anteriormente sugeridas,
percebe-se que todas estão relacionadas apenas ao desenvolvimento do corpo,
como se o pensamento e as emoções estivessem fora dele. Certamente, essas
atividades propostas são importantes para o desenvolvimento da criança,
entretanto, o movimento não se restringe ao desenvolvimento das aprendizagens
física e motora.
O trabalho com o movimento não pode ser direcionado
apenas para o desenvolvimento físico da criança. Pois a criança precisa nominar
o seu movimento conscientemente para que tenha oportunidade de explorar o
ambiente, criar novas relações de relacionamento com o seu corpo, de conhecê-lo
e aprender a usá-lo de forma benéfica, funcional e intencional. (MELLO, 1996)
Diante do exposto, torna-se cada vez mais evidente
que, para pensar as atividades com o movimento no âmbito do trabalho pedagógico
com crianças de pouca idade, faz-se necessário articular diferentes áreas do
conhecimento e interligá-las aos outros eixos de desenvolvimento, buscando-se
desta forma a interdisciplinaridade, a reflexão.